20 de jun. de 2011

Wally Salomão (1944/ 2003)

Wally Salomão: resistência antropofágica (Mário Pacheco)


EXTERIOR

Por que a poesia tem que se confinar?
às paredes de dentro da vulva do poema?
Por que proibir à poesia
estourar os limites do grelo
da greta
da gruta
e se espraiar além da grade
do sol nascido quadrado?

Por que a poesia tem que se sustentar
de pé, cartesiana milícia enfileirada,
obediente filha da pauta?
Por que a poesia não pode ficar de quatro
e se agachar e se esgueirar
para gozar
– carpe diem! –
fora da zona da página?

Por que a poesia de rabo preso
sem poder se operar
e, operada,
polimórfica e perversa,
não pode travestir-se
com os clitóris e balangandãs da lira?

Um comentário:

Lucimar Justino disse...

Adorei o Poemárvore!!! Parabéns pelos projetos de vocês! Abraços!