1 de out. de 2010

André Carneiro

QUÂNTICA REALIDADE

Na pequena morte
ressuscito o mundo estranho
da minha cabeça.

Sou o mandarim no sonho da borboleta.
Vivo a irrealidade dos fatos
sem a memória acordada.

Neste próximo milênio
faço 15 bilhões de anos.
Ainda tenho na ponta do dedo
um átomo girando do big-bang.

A cobra,
desesperada
com a falta dos braços,
abraça Eva com o corpo inteiro.

Os avós peixes não se lembram
quando saíram da água.
Não há mais opostos:
real e imaginário,
passado e futuro,
vida e morte.

As palavras caíram
no lago global do esquecimento,
a quântica relatividade dança conosco
no espaço curvo deste planeta redondo.
...

do livro ainda inédito Asas da Sobrevivência

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