11 de mar. de 2008

Alice Ruiz - 1946

Já vai longe nas folhas amassadas do calendário aquela tarde em que cometi o que posso chamar de doce desvario. Já havia descoberto Leminski, mas, um outro nome mexia comigo: Alice Ruiz. Então, entrei no site oficial da poeta e fiquei horas ali me deliciando. Antes de sair, arrisquei um remendo, misto de haicai e poetrix, completamente despretensioso: ah se o mundo ruísse / e toda poesia / transbordasse Alice. E fui embora. No outro dia, qual não foi minha surpresa ao ver sua resposta na minha caixa de e-mail. Ela adorou o poeminha, e, na ocasião estava em férias pelo nordeste e pretendia conhecer Maceió. Resumo: nos encontramos e foi verdadeiramente mágico ouvi-la falar sobre “o Paulo”, o Quintana; suas parcerias na música, principalmente sobre o seu cd Paralelas com Alzira Espíndola. Falamos de Machado, Chico Science, Mia Couto, e amenidades numa pracinha à beira-mar. Assim é Alice, poesia e doçura juntas. E fechando os desvarios, fiz um poema que lhe enviei como fotografia do que vi: você é um doce / como se disse / e eu pensei que fosse / apenas maluquice / acreditar que um dia / uma praça vazia / se encheria de Alice.


Alice Ruiz nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946.
Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi "poeta de gaveta" até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos.
Aos 22 anos casou com Paulo Leminski e pela primeira vez, mostrou a alguém o que escrevia. Surpreso, Leminski comentou que ela escrevia haikais, termo que até então Alice não conhecia. Mas encantou-se com a forma poética japonesa, passando então estudar com profundidade o haicai e seus poetas, tendo traduzido quatro livros de autores e autoras japonesas, nos anos 1980.

Alice publicou, até agora, 15 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil, que você pode conhecer. Compõe letras desde os 26 anos - a primeira parceria foi uma brincadeira com Leminski, que se chamou "Nóis Fumo" e só foi gravada em 2004, por Mário Gallera. A poeta tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes. Está lançando, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes.


Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos.



Que importa o sentido se tudo vibra?




minuto a minuto
quis
um dia
todo azul
no teu dia
meu querer
quero crer
azulou
teu dia a dia
tudo
que podia




ainda me viro
e me vejo
pronta a te chamar
a te contar
que aprendi hoje
coisas que você soube

ainda te vejo
em cada bicho
em cada pensamento
me surpreendo olhando
com teus olhos de pesquisa
e o que vejo
vira beleza




lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber

3 comentários:

Marina disse...

Gosto muito dela! :D
Tem muita música linda também.

Beijos, Muh!
:**

Ja f ta disse...

fofura!
=]

ah!
obrigada pela visita la
no derretendosatélites!!!
A música que vc gostou chama-se
Dance With Me de uma banda super
bacana:Nouvelle Vague!
tem uma cena de um filme francês que
ela fez parte...dá uma olhada depois!
http://br.youtube.com/watch?v=ekQZPozjCX8

é isso!
parabéns pelo ´árvore dos poemas`
cada dia mais lindo!

:*******

octavio roggiero neto disse...

que maravilha de árvore, cheia de histórias boas de nossos amigos: a apresentação está mesmo demais!

poucos poemas aqui, mas já deu pra sentir o ritmo da Alice.

estes versos dela deixam as idéias meio que no ar. passam muita espontaneidade. lembrei de Marta Medeiros ao lê-los.

obrigado é a gente que diz, Múcio, pela Alice e por você!